sábado, 23 de fevereiro de 2008

Segundas e terceiras intenções

Como as ondas é inspirado em uma história real. Pelo que sei, aconteceu com uma atriz, gaúcha se não se engana a pessoa que me contou a história. E isso é tudo q sei. Já procurei descobrir mais sobre isso, mas não consegui.

É a história de uma mulher que tenta o suicídio no mar. Mas quando ela começa a se afogar é salva por um desconhecido. Ela transa com esse desconhecido ali mesmo, na praia, antes que ele desapareça para sempre da sua vida. Mas esse encontro lhe dará uma filha, que acabará por salvá-la definitivamente.

Contada assim parece simples. E parte do desafio do roteiro é manter essa (aparente) simplicidade, como agora está ainda mais claro depois da reunião inicial com a equipe. Há certamente milhares de significados míticos relacionados com essa história, mas meu desafio, e de todos, será embutir todos esses signos de forma sutil e precisa no enredo sem perder o teor surpreendente da história.

Pra mim Como as ondas é a história simbólica sobre morte e nascimento, e como em algum momento crítico fomos ou seremos colocados diante da questão fundamental: quem somos nós verdadeiramente? A vida que vivemos é realmente nossa ou é moldada pelas máscaras e amarras que nos são (auto) impostas? É possível se livrar dessas amarras e se jogar no mar de dúvidas e inseguranças que nos acompanham diariamente? E pra onde no levarão essas ondas?

Há diversos símbolos óbvios nessa história (e o fato de ser uma história real comprova como a vida pode ser ao mesmo tempo óbvia e sábia), sendo o maior deles o mar. E antes dele, a água.

E é claro, a mulher. E seus ciclos mensais de vida e morte.

Este filme não tem uma Primeira intenção. Ele não quer nada que seja óbvio. Mas é irritantemente cheio de Segundas e Terceiras intenções.

2 comentários:

Danilo disse...

Acredito que há um perigo no fato da trama ser inspirada em uma história real: achar que é uma trama que vá surpreender o espectador. Para quem não sabe que a história é real, talvez ela soe "normal" no plano ficcional, onde "vale tudo". A gente fica muito surpreso com as histórias de amnésia de filmes americanos? Ou com os "gêmeos separados no nascimento" das novelas?

Posto isso, para mim Como as Ondas soa como uma história mítica sobre a beleza infecunda, presa nos liames do ego, na cultura do ego, que tem de se submeter a algo maior para estar de acordo com o ritmo da Criação. Helena, cobiçada por instâncias que a vêem como um troféu (indústria cultural, com o perdão da palavra, e um homem casado) tem que trazer o "mar" para o ventre, para seu cotidiano.

E isto não tem nada a ver com música.

Zé Roberto disse...

Como Helena de Tróia - mas isso merece um novo post, em breve, meu amigo.