De certa forma, um dos principais impulsos que eu tive para fazer esse filme foi um comentário feito pelo André Franciolli, editor do meu curta anterior. A frase foi simples, meio jocoso mas definitivamente afiada: "Você precisa acreditar na imagem".
E então foi isso. Claro que eu achava que acreditava na imagem, mas era uma espécie de "católico não-praticante" ou coisa parecida, como se isso fizesse sentido. O fato é que "São Paulo nos pertence", meu curta anterior, era extremamente verborrágico e com uma insegurança extrema em confiar no poder de comunicação da imagem. E isso só ficou realmente claro pra mim na edição.
E então ficou resolvido que meu filme seguinte seria uma exploração radical da imagem. Não sei até onde vai minha crença, mas só o tempo vai dizer. "Como as ondas" não tem mais do que uma dúzia de diálogos em 10 minutos de filme.
Temos então 2 desafios: o primeiro é relativo à interpretação, e o segundo, à técnica.
Quanto à interpretação, pretendo explorar um método de trabalho que abra espaço para novos significados e expressões gestuais, com um período prévio de ensaios no qual eu e os atores (principalmente Cacá) estaremos criando partituras e tensões expressivas que devem comunicar não só a ação em si, mas também toda a carga simbólica exigida pela narrativa. Mas a abordagem não deve ser nunca psicologizante, e sim física. Não me interessa "construir" o signficado, e sim "descontruir" a ação até chegar em sua essência. Há uma abissal distância entre uma coisa e outra.
E na técnica, a proposta é explorar os recursos técnicos com o mesmo instuito desconstrutivo. Tenho uma intuição que há algo no suporte digital que tem muito a ver com isso. Não tenho ainda a resposta (ainda bem), mas há muito o que experimentar sobre a luz, a câmera, , a textura da imagem, a música, e tudo o mais.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
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