quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ilusões

Toda a história do cinema nada mais é do que a história de uma ilusão. No cinema não há nada de verdade no que se vê na tela. Mesmo em filmes "realistas", tudo não passa de uma ilusão na tela.

Não há ninguém ali. Apenas a projeção de luzes e sombras. Apenas a sequência de quadros que criam a ilusão de movimento. Assim como criam a ilusão que há alguém ali.

Manipular o tempo

Tarkovski falava em "esculpir o tempo". De fato, escreveu um livro inteiro sobre isso (sem falar no que praticou...). No entanto, jogos de palavras à parte, me parece intrigante investigar o que seria "manipular o tempo". "Esculpir" é uma palavra ligada a cortar, eliminar, lapidar. E isso, como sabemos pelo próprio Tarkovski, está muito ligado ao exercício da montagem.

No entanto, há outro domínio do tempo que está relacionado à interpretação, ao tempo do ator. Esse tempo não pode ser cortado, violentado; é o tempo do movimento, da ação. Mas ele pode ser manipulado, dominado... desenhado.

As coisas fáceis. As coisas difíceis.

Fazer um filme não é fácil. Mesmo que seja um "vídeo" e não um "filme", se formos seguir a literalidade do termo. Ainda mais quando nos propomos a uma experiência menos objetiva e mais exploratória, sinuosa, imprecisa. A vida moderna é feita de objetividades.

Trabalhar é fácil. Negociar é fácil. Jogar é fácil. Dá trabalho, mas é fácil. Difícil é enfrentar a insegurança, o medo, as máscaras. Tudo aquilo que não compreendemos e que não conhecemos as consequências.

De certa forma, este filme que fazemos também é sobre isso.